“Produzir no Brasil é ‘cool’”, diz conselheira da Presidência da República sobre a neoindustrialização
Matriz energética quase 100% limpa e ambiente seguro para investimentos torna o Brasil mais atrativo para a nova indústria, defendeu Rosilda Prates
Rosilda Prates, presidente da P&D Brasil (Associação de Empresas de Desenvolvimento Tecnológico Nacional e Inovação) e membro do conselho da presidência da República e do Finep, declarou durante a Futurecom 2024 que produzir no Brasil é “cool” devido à baixa pegada de carbono associada à matriz energética do país, que é mais de 90% limpa.
Além desse aspecto, Prates afirmou que o ambiente de negócios no Brasil está se tornando mais seguro para investimentos, com incentivos financeiros do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e FINEP, ao mencionar a Nova Política Industrial Brasileira (NIB) que, com um orçamento de R$ 342 milhões entre 2023 e 2026, busca promover a conectividade, inclusão social e alianças estratégicas para impulsionar a inovação no país.
Para a executiva, essa característica abre uma janela de oportunidade para a digitalização da sociedade e a inclusão de serviços essenciais como a governança digital, melhorando a qualidade de vida da população.
“Precisamos capacitar o Brasil para responder às demandas do próprio mercado e, ao mesmo tempo, atrair investimentos para o país. Quando atraímos investimentos, fortalecemos e empoderamos o mercado interno. Fortalecer o mercado significa agregar valor localmente, adensar a cadeia produtiva, gerar mais oportunidades de emprego, fomentar conhecimento e desenvolver domínio tecnológico, tudo a partir daqui”, reforçou em conversa com a DPL News.
A executiva defende que uma indústria sólida apresenta diversas possibilidades e que a atração de novos investidores para produzir e desenvolver no Brasil requer um ambiente seguro e previsível. “Essa é a estratégia: equilibrar o apoio à indústria local com a atração de investimentos como parte de um plano de longo prazo, garantindo que permaneçam e prosperem no país”, concluiu.
O que falta?
Durante o painel de debate na Futurecom, Carlos Nazareth, professor no Inatel, reforçou a importância de implementar dispositivos de internet das coisas (IoT) e redes privativas 5G para que o Brasil possa competir globalmente, com dados acumulados servindo como matéria-prima para o uso inteligente da tecnologia.
Ele destacou ainda que embora 85% das indústrias utilizem tecnologias digitais avançadas, apenas 17% realmente adotaram a inteligência artificial (IA).
Ariela Zaneta, assessora do conselho da Brasscom, por sua vez, ressaltou a necessidade de coordenação entre o setor privado e o governo para que o Brasil seja reconhecido como um hub regional de tecnologia. A Brasscom apresentou um plano digital de longo prazo, que visa mapear e desenvolver cadeias produtivas, especialmente nos setores de agro e mineração.