Meta é digitalizar 50% da indústria até 2033, diz MDIC
Objetivo está ligado à área de ‘transformação digital’ da NIB, e visa a ‘fortalecer cadeias produtivas de semicondutores, robôs industriais e produtos e serviços avançados’
O governo federal planeja que 50% das indústrias brasileiras estejam “digitalizadas” até 2033. A meta “aspiracional”, não obrigatória, foi divulgada ontem pelo vice-presidente e ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, em evento no Palácio do Planalto.
O objetivo está ligado à área de “transformação digital” da Nova Indústria Brasil (NIB), conjunto de propostas para o setor industrial apresentadas pelo governo federal no início do ano. Já a área de transformação digital tem o objetivo de “fortalecer as cadeias produtivas de semicondutores, robôs industriais e produtos e serviços avançados”, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
De acordo com a pasta, o percentual de indústrias digitalizadas terminou o ano passado em 18,9%. A ideia é que o número passe para 25% em 2026 e alcance 50% até 2033.
“Por digitalização das empresas, a meta considera o atendimento de ao menos três das seis tecnologias entendidas como relevantes para a transformação digital: serviços em nuvem, ERP/CRM, big data, robôs de serviço, internet das coisas e inteligência artificial”, informou o Mdic.
Em discurso, a presidente da Associação de Empresas de Desenvolvimento Tecnológico Nacional e Inovação (P&D Brasil), Rosilda Prates, afirmou que as metas são “totalmente factíveis”.
No evento, o governo federal também anunciou novo direcionamento de R$ 58,7 bilhões, até 2026, em recursos públicos para a área. O direcionamento será realizado por meio de instrumentos como Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD), Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico à Indústria de Semicondutores (Padis) e Lei da Informática.
Parte desses instrumentos, como a LCD, é baseada em incentivos fiscais. Já as novas regras do Padis e da Lei da Informática foram sancionadas ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Elaborada no ano passado por Mdic, outros 19 ministérios, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 21 entidades da sociedade civil, a NIB estabelece o direcionamento de R$ 342,7 bilhões para o setor industrial. A quantia será direcionada até 2026, principalmente por meio de crédito. Dois dos principais atores envolvidos, BNDES e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) já aprovaram R$ 159,9 bilhões em desembolsos ligados à NIB, segundo balanço do Mdic.
Conforme publicado pelo Valor em julho, a nova política industrial vinha passando por aprimoramentos, depois de críticas feitas pelo presidente Lula no lançamento das propostas, ainda em janeiro. Uma das críticas dizia respeito à falta de metas mais claras a serem perseguidas.
No mês passado, o Mdic divulgou a meta, também não obrigatória, para a área de saúde. A ideia é aumentar, dos atuais 45% para 70% até 2033, a produção no país das “necessidades nacionais” do setor. São classificados como necessidades nacionais “medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos, materiais e outros insumos e tecnologias em saúde”.
Já a apresentação das metas das outras quatro áreas principais será “feita de maneira escalonada”, segundo a pasta.