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Governo Federal anuncia investimento de R$ 187 bilhões em Indústria 4.0

Mobile Time – 11/09/2024

O Governo Federal anunciou um investimento total de R$ 186,6 bilhões em indústria 4.0, durante a cerimônia do Programa Nova Indústria Brasil (NIB), realizada em Brasília, nesta quarta-feira, 11. O aporte financeiro engloba a Missão 4 do programa, que visa impulsionar a revolução digital no país, aumentar a competitividade do setor, gerar empregos mais qualificados e maior renda.

Através da Missão 4, o Governo Federal almeja digitalizar ao menos 50% da indústria nacional até 2033 e triplicar sua participação nos segmentos de tecnologias emergentes e disruptivas. Em torno de R$ 85 bilhões do valor total a ser investido virão da iniciativa privada e serão inseridos especialmente em infraestrutura, maquinário, P&D, novas plantas e desenvolvimento de parques tecnológicos.

Os recursos serão injetados entre este ano e 2035, sendo sempre anunciados pelas associações de empresas pertencentes ao setor de alta tecnologia e semicondutores, com exceção da Amazon, que fez sua divulgação separadamente. Essas entidades serão: Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi) e Associação de Empresas de Desenvolvimento Tecnológico (P&D). O setor produtivo soma mais de R$ 580 milhões em investimento para projetos da NIB e programas conexos, como Mover, Depreciação Acelerada, lei de semicondutores e TICs, desde o início de 2024.

Outros R$ 42 bilhões dos recursos públicos já estão alocados. Inicialmente, o aporte financeiro comportará a fabricação de chips, fibras óticas e robôs, instalação de data centers e computação em nuvem, otimização de processos industriais, telecomunicação, eletromobilidade, desenvolvimento de softwares e implantação de redes de infraestrutura. O intuito é fortalecer as cadeias produtivas de semicondutores, robôs industriais, além de produtos e serviços avançados. A iniciativa tem um conjunto de ações para ampliar o desenvolvimento das áreas da internet das coisas (IoT), inteligência artificial (IA) e Big Data, por exemplo.

A longo prazo, o objetivo é que o Brasil seja inserido na cadeia global de tecnologia de ponta e se torne uma referência mundial. A presidente da P&D Brasil, Rosilda Prates, mostrou confiança quanto à meta, mas ressaltou a importância das compras públicas. “Precisamos prestigiar o que aqui é produzido e desenvolvido. Diante de um investimento tão grande, quanto desse dinheiro ficará no Brasil? Quando uma tecnologia é desenvolvida aqui, 85% do seu valor fica no país”, destacou.

Governo inicia Missão 4 da NIB



Nesta etapa da NIB, uma empresa digitalizada é definida como aquela que tem ao menos três das seis tecnologias consideradas relevantes para a transformação digital: serviços em nuvem, ERP/CRM, Big Data, robôs de serviço, internet das coisas e inteligência artificial. Os valores oriundos do setor público vieram dos programas de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico à Indústria de Semicondutores (Padis), Plano Mais Produção, Brasil Produtivo, Lei de TICs – conhecida como Lei da Informática –, além das ações do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Outra parte vem do lançamento das Letras de Crédito do Desenvolvimento (LCDs), do próprio Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que chegarão a R$ 30 bilhões em 2026. Essas LCDs serão lançadas no mercado, isentando seus adquirentes pessoas físicas do Imposto de Renda (IR) e oferecendo redução de 25% para 15% no IR de pessoa jurídica. Toda a arrecadação será revertida para iniciativas da NIB. Para a ministra do MCTI, Luciana Santos, o programa “é pilar do conceito de indústria moderna, sustentável e competitiva dentro do cenário global, a qual pode colocar o Brasil em posição de destaque na economia digital”, destacou.

Lei de TICs e Semicondutores



Anualmente, através do programa Brasil Semicon, a produção de semicondutores receberá um investimento de R$ 7 bilhões, chegando a R$ 21 bilhões em 2026. Com o valor, o setor focará em pesquisa e inovação das cadeias de produção de chips e de eletroeletrônicos voltadas para aplicações de painéis solares, produção de smartphones, computadores pessoais e outros dispositivos da indústria 4.0. Para o presidente da Abinee, Humberto Barbato, a Lei de TICs e semicondutores oferece segurança jurídica para que os investimentos continuem no Brasil.

O Padis, por sua vez, será aperfeiçoado, enquanto a Lei da Informática será prorrogada. Assim, existirão incentivos para produtos desenvolvidos no Brasil (Tecnac) e créditos com percentual maior para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. De acordo com a ministra do MCTI, a tendência é que esses investimentos cheguem aos R$ 4 bilhões nos próximos anos.

Smart Factories



O pacote inclui também transformar digitalmente micro, pequenas e médias empresas industriais, com o programa Brasil Mais Produtivo, articulado pelo Ministério de Desenvolvimento (MDIC), Sebrae, Senai, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e BNDES. No evento, as duas últimas instituições anunciaram o início do plano, que prevê R$ 160 milhões para as smart factories e R$ 400 milhões para planos de digitalização.

Com o Brasil Mais Produtivo, há a expectativa de que as micro, pequenas e médias empresas, além de evoluírem digitalmente, tenham uma manufatura mais enxuta e eficiência energética. Embora sejam previstas 200 mil empresas beneficiadas, apenas 8 mil devem alcançar a fronteira tecnológica, que consiste em instalação de sensores digitais na linha de produção, interligação de sistemas por computação em nuvens, utilização de Big Datas, IoT, impressão 3D e IA.

Capacitação de mão de obra



Embora Esteliano Neto, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), esteja confiante sobre a geração de empregos, ele alertou sobre os desafios relacionados à capacitação de mão de obra. “Os jovens profissionais precisarão de outra formação, enquanto aqueles que perderam seus postos de trabalho por conta da digitalização necessitarão de requalificação”, disse, durante o evento.