
Ceará é o 2º maior em projetos de tecnologia do Brasil e soma R$ 54 mi para jovens
Seminário Política Industrial em Fortaleza debate políticas públicas e incentivos para o Setor de TICs (Informática)
O Ceará ocupa hoje a segunda colocação no ranking nacional de captação de recursos via Lei de informática, mecanismo federal que incentiva a inovação tecnológica em todo o País.
A informação foi destacada durante o seminário Política Industrial para o Setor de TICs, realizado nos dias 5 e 6 de junho de 2025 na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), em Fortaleza.
O encontro reuniu representantes do governo federal, setor produtivo, instituições de ensino superior e centros de pesquisa com o objetivo de discutir estratégias de desenvolvimento para a indústria de Tecnologia da Informação e Comunicação (Tic) no estado e na região Nordeste.
Projetos e investimentos para juventude
Parte significativa dos recursos captados pelo Ceará — cerca de R$ 54 milhões — foi destinada a programas voltados à formação de jovens em tecnologia, com destaque para a Residência ITIC (também chamada de C-Jovem).
A iniciativa beneficia 7.400 alunos da rede pública do ensino fundamental e médio, em parceria com instituições como IFCE, UFC, UECE e UFCA.
Trata-se de um projeto piloto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), testado inicialmente no Ceará, com apoio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), responsável pela execução local de programas como Centelha e Tecnova.
Incentivos para o setor produtivo
A Lei de Informática permite que empresas invistam parte de seus tributos diretamente em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Apesar da expressiva quantidade de projetos desenvolvidos no estado — 175, segundo dados apresentados no evento — apenas cinco empresas cearenses estão habilitadas atualmente a utilizar os benefícios da lei.
A maior parte dos contratos firmados envolve empresas de outras regiões, o que abre espaço para maior participação do setor produtivo local.
Durante o seminário, o deputado federal André Figueiredo (PDT-CE) reforçou a importância de aproximar os empresários cearenses das universidades e institutos de ciência e tecnologia (ICTs), para que possam acessar os incentivos disponíveis e se integrar à cadeia de inovação.
Políticas de descentralização
De acordo com Inácio Arruda, secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do MCTI, há uma obrigatoriedade legal para que no mínimo 30% dos recursos públicos de fomento à inovação sejam destinados às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
“Essa medida busca equilibrar a distribuição dos investimentos e impulsionar o desenvolvimento de polos tecnológicos fora do eixo Sul-Sudeste,” explica ele.
A Funcap, por sua vez, tem ampliado sua contrapartida financeira nesses projetos, indo além do exigido para aumentar a competitividade das propostas submetidas por instituições e pesquisadores locais.
Ceará no radar de grandes investimentos
Além dos investimentos em formação e pesquisa, o Ceará também atrai atenção de grandes empresas globais.
A Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Pecém, por exemplo, foi apontada como local estratégico para a instalação de mega data centers. Há expectativa de que empresas como o TikTok consolidem operações na região, aproveitando a infraestrutura local e o potencial energético do estado.
Henrique Miguel, diretor do MCTI, apontou que mais de 50% das empresas beneficiadas pela Lei de TICs são micro e pequenas. No entanto, ele reconheceu que muitas ainda enfrentam dificuldades para acessar os programas, por desconhecimento das regras ou falta de orientação técnica. Conforme Miguel, é necessário ampliar o suporte às empresas para que mais delas consigam participar efetivamente das iniciativas de fomento à inovação.