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Especialista em automação residencial fala sobre casas inteligentes no Brasil

George Wootton, diretor Técnico, da Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial, conversou conosco sobre Internet das Coisas (IoT) e a realidade de casas inteligentes no Brasil. Para ele, mesmo não necessariamente o conceito de automação residencial ou empresarial está ligada com IoT. Portanto, ele já considera que há 10 anos já podemos falar de casas com recursos de tecnologia.

Veja a íntegra da nossa conversa:

Blog Na Rede – Como o Brasil está, falando em automação residencial e uso de dispositivos com Internet das Coisas?
George Wootton – Primeiramente é preciso esclarecer que os conceitos de Automação Residencial, Casa Conectada e Casa Inteligente não estão obrigatoriamente relacionados com a Internet das Coisas. Estes conceitos utilizam sim a comunicação via Internet, mas, principalmente, nos sistemas mais tradicionais de automação residencial, a utilizam apenas para dar aos usuários acesso remoto aos sistemas. Nos casos mais específicos de Casa Conectada/Inteligente o uso da conectividade via Internet vai um pouco além.

Esse, permitindo o armazenamento de dados e tratamento das informações diretamente na Nuvem, como é o caso das câmeras inteligentes. Quando temos sistema baseados em assistentes virtuais como o Google Assistant e o Alexa esta conectividade dá um passo a mais, havendo a troca de informações entre plataformas na Nuvem e até mesmo a aplicação de algum nível de Inteligência Artificial. Contudo, o uso mais verdadeiro da Internet das Coisas, onde há interoperabilidade entre equipamentos, ainda não está devidamente sedimentado nas aplicações atuais da Casa Conectada/Inteligente.

Desconsiderando o assunto Internet das Coisas, o Brasil, aos poucos, começa a entrar no mundo da Casa Conectada/Inteligente. Nos últimos meses, várias iniciativas têm ocorrido, como a chegada do Google Assistant em português, a promessa da Amazon de que o Alexa em português vem aí e o lançamento de vários produtos fabricados para trabalharem neste ecossistema. Este esforço de fabricantes nacionais e estrangeiros tem criado um interesse muito maior e repentino do público consumidor. Contudo, ainda é cedo para saber como o mercado vai se comportar. Os preços dos produtos ainda estão altos em relação ao mercado americano, inibindo a compra por impulso e curiosidade.

A casa do Futuro



BNR – A casa do futuro com dispositivos interligados e conectados, que obedecem a comandos enviados via celular e a distância já é uma realidade no Brasil? Que regiões têm mais residências e apartamentos assim?
GW – Se entendermos que esta casa do futuro se refere aos produtos isolados que se comunicam com assistentes virtuais, então temos uma realidade começando a nascer. O que, consequentemente, ainda não permite localizar regiões com maior tendência para a adoção. Ademais, como este mercado é muito pulverizado através da venda direta ao consumidor, levará um tempo para que se tenha um mapeamento mais adequado de consumidores/compradores.

Se considerarmos os sistemas mais tradicionais, onde a comunicação com celular visa oferecer um aceso remoto aos sistemas, então esta casa do futuro já existe há pelo menos 10 anos. Aqui, o comportamento aponta para regiões urbanas, de renda média a alta. Essas, onde os benefícios relativos a segurança e comodidade podem ser melhor sentidos. Contudo, não há estudos ou levantamentos claros neste sentido.

BNR – Já temos produtos imobiliários pensados 100% em IoT no Brasil? Onde cada detalhe é analisado antes e é usada tecnologia inteligente no seu desenvolvimento? Cite alguns exemplos.
GW – Temos vários empreendimentos imobiliários apostando em algum nível de tecnologia. Essas, para criarem seus diferenciais e oferecerem aos moradores mais facilidades, conforto e segurança. Contudo, nenhuma delas pode claramente ser caracterizado como IoT. É importante lembrar que a atração de clientes para estes empreendimentos é baseada em um conjunto de fatores que passam pelo projeto, pela sustentabilidade e pela economia de recursos, onde as tecnologias são apenas as ferramentas.

Eletrodomésticos Inteligentes

BNR – Quando teremos uma geladeira que verifica os produtos que acabaram e pode fazer um pedido para reposição? Já há produtos assim no mundo? Onde?
GW – A geladeira inteligente já existe conceitualmente. Mas, esta capacidade de entender qual produto acabou, depende de muitas outras ações fora da geladeira. Há a necessidade de identificar o produto, de considerar outras formas de armazenagem. Determinar estoque mínimos e, logicamente, medir a quantidade existente são outras preocupações. Há várias iniciativas neste sentido, como bandejas que conseguem dizer quantos ovos estão presentes, mas se o usuário armazená-los fora da gaveta, a validade da informação se perde. Uma iniciativa interessante que vi recentemente são microcâmeras instaladas na geladeira que permitem ao dono verificar quantos ovos ainda tem, caso esteja em tem dentro dela quando estiver em um supermercado e não tem certeza se precisa comprar mais ovos.

Segundo informações de Diário do Nordeste

Fonte: NHS